quinta-feira, 28 de maio de 2009

PISANDO O PASSADO




Pise devagar neste chão
Pise pé-ante-pé
Carinhosamente
Com todos os sentidos
Falando à ouvidos.

Pise devagar neste chão
Pisando em ovos
Amorosamente
Com todo cuidado
Nele está teu passado enterrado

quinta-feira, 14 de maio de 2009

ILHADA


Vou-me embora desta terra
Para aqui voltar mais não
Levando pouca coisa
Pra não pesar o matulão.

Casa moderna eu levo
Dobrada feito lençol
P’ra proteger dos bichos,
Do frio, da chuva e do sol.

A lâmina cortante na ‘algibeira’
Pois dela vou precisar
Frutos, cocos, cipós
E mata virgem pra cortar.

Com muito zelo uma panela
Sobre gravetos vou usar
Não sei bem qual a serventia
Mas sei que dela vou precisar.

Em meio a bagagem primeira
O Livro Sagrado irá
para nas horas de desânimo
Nova esperança encontrar.

Comigo olhando as estrelas
A flor de meu jardim estará
Perfumando a solitária ilha

E de amor as trevas iluminar

quarta-feira, 13 de maio de 2009

SER NEGRO II



Ser negro
não é propriamente ser negro!
É estar negro:
pelo egoismo,
pela discriminação,
pelo desamor,
pela ingratidão,
pela falta de fraternidade,
pelo racismo.
Ser negro
não é uma questão de cor.
É uma questão de CORAÇÃO!

domingo, 10 de maio de 2009

O Berço do mundo




O ser que emerge das águas
Transforma o corpo,
Muda a visão da vida,
Enche o campo de flores.

É o pequeno mundo
Que sem pretensões chega
E sem mais ver
Dá um novo sentido de ser.

De ser um tudo
Sem contudo ainda ser.
Ser que se desmancha de zelo,
Para o novo que já deseja ver.
E sente o dia ensolarado
Chuvas caindo em telhados
Frio e calor em um corpo
Transmudado.

Já não há a outrora beleza
Nem a segurança da mocidade.
Em seu lugar um enjôo,
Um mal estar e um desejo.
Há a ânsia e a incerteza
Que não dura muito
Só nove meses
Nesta nova beleza

Estavas já mãe desde criança
E mãe serás para sempre,
De teus filhos, outros filhos fecundo
Porque de Deus ganhaste confiança
De com Ele embalar um berço
E de tuas mãos gerar o mundo.