terça-feira, 28 de outubro de 2008

DESCOMPASSOS



Com passos se fazem caminhos,
ora firmes, ora tão trôpegos,
rumos talvez ao nada,
que se transforma ora em vitórias,
ora em fracassos.

Com o nada não se faz história,
com passos o tempo vai discorrendo
como pólos que se atraem,
como grãos de areia pelos ventos levados
formando dunas ora aqui, ora acolá.

Com passos somos grandes, fortes
e seguimos rumo ao encontro
do pequenino e fraco desencontro
talvez do coração,
talvez da nossa razão!

Tal como deuses somos na maturidade,
linha numérica frágil da vida onde um menos um
se torna sons roucos e descompassados
na vida dos que amamos
ou que sonhamos amar!

E naquele se põe tudo o que resta
para a construção de um porvir.
É o contraste do tudo o que queremos ser
num universo sem rimas ou simetria
num quase poema de morrer na praia,

assim:

Quase chegou...
Quase beijou...
Quase viveu...
Quase amou...
Quase partiu...
Quase morreu...


É preciso fazer o quase tornar-se presente,
porque no amanhã tudo se esvai

e o nosso passado então jamais futuro será...

domingo, 19 de outubro de 2008

RECORDAÇÃO




Olho atrás a estrada...
Distante a vida que passou.
Revejo imagens que mesmo passado o tempo
dentro de mim ficou.

Teu jeito de caminhar,
os passos lentos e firmes,
seguindo dias à fio
rumo a construção.

Parado, mãos cruzadas às costas,
calejadas por tijolos, cimento e cal.
Olhos tristes sempre mirando estradas distantes,
- vontade de voltar!

Depois tu pastirte para longe
para nunca mais voltar...
Está com o Pai,
o pai qu'eu aprendí a amar!

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

TEATR'ANDO


Subí no palco da vida para ir além da vida,
disfarçar as dores, reforçar a alegria,
desfrutar convívios, dividir a interior harmonia.

Subí no palco para fazer acontecer
os sonhos que há na cabeça,
trilhar passos na sandália de dedos
e nas mãos vazias.

Subí no palco para não ir além da humildade de saber
que tudo é uma permuta, tudo é energia,
fonte primeira de criação de um novo ser
que em sí mesmo rí, chora, entristece e se alegra
se recusa e se dá, morre e renasce:
em cada ato,
em cada peça
que a vida prega.

Subí no palco onde se pode viver
a sintonia entre palco e platéia, onde todos são atores
e personagens do grande teatro
onde Deus é o Diretor.


( Uma homenagem à todos os atores independentes que buscam transformar este país num lugar mais agradável de viver, em especial a Romualdo Freitas.)