terça-feira, 28 de outubro de 2008

DESCOMPASSOS



Com passos se fazem caminhos,
ora firmes, ora tão trôpegos,
rumos talvez ao nada,
que se transforma ora em vitórias,
ora em fracassos.

Com o nada não se faz história,
com passos o tempo vai discorrendo
como pólos que se atraem,
como grãos de areia pelos ventos levados
formando dunas ora aqui, ora acolá.

Com passos somos grandes, fortes
e seguimos rumo ao encontro
do pequenino e fraco desencontro
talvez do coração,
talvez da nossa razão!

Tal como deuses somos na maturidade,
linha numérica frágil da vida onde um menos um
se torna sons roucos e descompassados
na vida dos que amamos
ou que sonhamos amar!

E naquele se põe tudo o que resta
para a construção de um porvir.
É o contraste do tudo o que queremos ser
num universo sem rimas ou simetria
num quase poema de morrer na praia,

assim:

Quase chegou...
Quase beijou...
Quase viveu...
Quase amou...
Quase partiu...
Quase morreu...


É preciso fazer o quase tornar-se presente,
porque no amanhã tudo se esvai

e o nosso passado então jamais futuro será...

Um comentário:

Ariane Rodrigues disse...

E viver no "quase" é estar em cima do muro, paralisado, no "mais ou menos", e isso é muito doído. Não que as coisas devam ser completadas ou finalizadas, mas devem se manter em constante evolução, numa progressão senão material, ao menos espiritual ou psíquica.